Caetano Veloso Enquanto Superastro

  • Autor: Silviano Santiago
  • Editora: Cepe editora

Sinopse

O ensaio Caetano Veloso enquanto superastro faz parte do livro clássico de Silviano Santiago Uma literatura nos trópicos (Cepe Editora/Selo Pernambuco).
[eBook gratuito]
No dia 10 de março de 2011, Caetano Veloso estacionou seu carro no Leblon e, como um episódio cotidiano, tudo parecia ligeiramente normal. Possivelmente, haveria flanelinha "guardando" a vaga, pessoas transitando de bicicleta em sua superioridade moral contra a "carrocracia", um ou outro paparazzi e, sim, fotografia captada, Caetano Veloso na calçada após estacionar seu carro emerge como manchete em portal de notícias, na aba de informações sobre celebridades.
Sete anos antes, razoavelmente distante do Leblon, Mark Zuckerberg matutava uma forma de curar um fim de relacionamento conectando amigos numa competição de curtidas em mulheres desejadas na sua universidade. Esse ambiente digital que aproxima zoeira e redenção, cotidiano e invenção, vai gradativamente turvando os limites entre informação, zoação, entretenimento e encontra no Brasil – e em Caetano Veloso – um ambiente mais que propício para a sua aura de reprodutibilidade técnica.   
     
A notícia de Caetano estacionando seu carro, em sua frivolidade ardente como o asfalto do Rio de Janeiro, causou furor nas redes: enquanto compartilhavam, sangue nos olhos, pessoas certas da "morte do jornalismo" decretavam, vejam só, a vida do superastro. A notícia se avolumava em sua insignificância e havia, naquele fluxo contínuo de ódio ao lugar que o jornalixo tinha colocado Caetano (Cadê sua obra? Sua poética? Disso não falam! Canalhas!) algo da ordem do desbunde.   
     
A frugalidade de uma celebridade estacionando seu carro enquanto espectadores bradam midiaticamente contra o episódio poderia ser uma das imagens que formam as entranhas do ensaio Caetano Veloso enquanto superastro, publicado originalmente em 1973 e posteriormente reunido em Uma literatura nos trópicos – livro de Silviano Santiago reeditado de forma ampliada pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) através do Selo Pernambuco em 2019 –, que agora ganha edição autônoma como um destacamento mais que bem-vindo.